quarta-feira, 6 de maio de 2015

Como tudo começou

Toda vez que eu conto sobre minha gravidez vejo um ponto de interrogação no olhar da pessoa. De alguns eu vejo uma ponta enorme de incredulidade: "Como assim você não sabia que estava gravida?" "Toda mulher sabe quando engravida" "Ah não, você engravidou de propósito!". No começo foi bem difícil contar e digerir as reações, mas com o passar do tempo eu aprendi a filtrar os comentários, muitos deles bem maldosos.
Há um tempinho eu não ia ao ginecologista, mas não podia mais adiar, pois estava sentindo um incômodo bem grande, a minha barriga vivia inchada, mas a danada da menstruação, que sempre foi bagunçadinha, estava lá, firme e forte. Uma semana antes de minha ida ao médico, viajei para a praia, usei biquíni, bebi, nadei no mar, relaxei. Duas amigas que eram mães estavam lá na viagem e ninguém comentou nada sobre a minha pancinha.
Enfim, a consulta. As perguntas de sempre: data da última menstruação, últimos exames realizados, altura, peso, e a médica fazendo toda a lista de exames periódicos que me pediria. E então fomos para os exames físicos: seios ok, e ela apalpando a minha barriga e começou a dar um sorrisinho. De repente, ela diz: "Tem um bebê aqui". Minha primeira reação foi sorrir e dizer: "Não tem doutora!"  ela insistindo, "tem e é bem grande". Eu lembro da minha reação: foi desespero. Como assim? Como eu poderia estar grávida? Ele não era meu namorado, ele era meu ficante, não planejamos, o que ele iria pensar? Como eu teria um filho agora? Eu não posso, já estou velha, não quis ter filhos a vida toda!
Minha cabeça virou um turbilhão, eu nem conseguia levantar da maca, quando a médica já sentada na mesinha dela pedia pra eu me vestir e refazia a lista de exames. Pra mim foi um choque, eu estava anestesiada, não sei nem como foi o fim da consulta, não lembro como sai do consultório. Mas estava ali, com a lista de exames e com a receita: vitaminas, sulfato ferroso e um pedido urgente de ultrassom para descobrirmos logo há quanto tempo um serzinho morava dentro de mim.

#diadasmaes, #maenamarra, #maedemenina, #princesa, #primeirofilho, #maedeprimeiraviagem

quinta-feira, 19 de março de 2015

Os motivos


Nunca imaginei ser mãe, mas fui escolhida por um anjinho e decidi contar para todos a minha experiência com todos os detalhes, inclusive o lado B da maternidade. Para contar sobre os pontos não agradáveis da maternidade, acho que preciso explicar os motivos que me levaram a falar sobre a minha visão desta fase de nossas vidas.
Sou filha de mãe solteira, termo que sempre detestei e acho de extremo mal gosto, mas que vou utilizar aqui como referência para o  principal por eu ter desistido de ser mãe logo na adolescência, quando todas as meninas da idade começavam a falar sobre o futuro. Por algum motivo meu pai decidiu que não assumiria a paternidade e sua responsabilidade e deixou minha mãe com a incumbência de cuidar de mim. Não entrarei em detalhes sobre a vida da minha mãe para não fazer deste post uma novela mexicana!
Este é o motivo principal, mas não o único, para eu sequer cogitar a ideia de ter um filho. Claro que não ter a figura do meu pai por perto me causou danos que sei que talvez fossem minimizados se ele tivesse resolvido ser um pai presente, nem digo morar junto, como comercial de margarina, família feliz e tal, digo participar da vida de uma filha que ele gerou, mas também não vou discutir as razoes dele, eu não posso analisar sem ter tido a oportunidade de questionar e entende-lo. Ele faleceu antes que eu tivesse idade suficiente para fazer perguntas que eternamente martelam minha mente.
Resumindo: não me sentia preparada para assumir tal responsabilidade. Financeiramente, emocionalmente,  psicologicamente e todos os “ente” que se possa imaginar, ser mãe exige muito, em todos os aspectos e hoje posso falar com propriedade, o que antes eu já imaginava só por estar perto de muitas mães, o que me fazia refletir e deixar a maternidade de lado. Nada me aflorava o tal desejo de ser mãe.
E esta minha condição era compartilhada por muitas amigas, que até hoje continuam com a mesma opinião. E que fique claro que eu continuo achando muito difícil ser mãe, mas hoje eu preciso colocar minhas convicções lá no bauzinho e tocar a vida e tentar ser a melhor mãe que eu puder, mesmo ciente que errarei muito, tentarei o meu melhor.